Dor.

Só via ao seu redor a escuridão aproximando-se rapidamente, mas ao mesmo tempo, gradativamente, deixando as coisas ao redor embaçadas e distorcidas.

A notícia foi chocante, nauseante e inacreditável para a pobre mocinha, coitada, com apenas seis anos e uma boneca de pano velha e rasgada.

"Não posso acreditar, não quero acreditar, não consigo acreditar..." Sussurrava entre soluços e lágrimas.

Estava encolhida no chão, abraçava a carta firmemente contra o peito e a boneca sendo usada como travesseiro.

Pelo menos suas lágrimas limparam seu rosto jovial, puro e inocente, enquanto o mundo ao seu redor caía e estourava com as bombas e gritos durante a guerra.

"A guerra... Por que papai teve que ir para a guerra? Por que não cumpriu sua promessa?" Pensava sem parar.

Sua mãe falecera no parto de sua irmã, sua tia acabara de cair morta ao seu lado e agora seu pai foi capturado pelos norte-americanos... E morto.

Como tudo isso pôde ocorrer a uma simples garotinha? Uma garotinha doce com uma vida inteira pela frente? "Será que é porque sou alemã? Será que é porque papai está no lado errado? Mas então, se a Alemanha não é certa, o que é?"

Por fim, a garota cansou, deixou a carta no seu lado direito, virou-se e olhou para o teto.

Subitamente, a porta do apartamento já caindo aos pedaços recebeu um esmurro seguido de palavras que não entendia. "Someone here? It's anybody in there? Hello!? It's better say it soon, damnt german, if you are there!! Imma shoot!"
Ela sentou-se em um pulo e arregalou os olhos, porém, não teve reação ao ver o soldado norte-americano, que continuou:  "Hi, pretty little girl, are your daddy at home? Tell me, don't be afraid, i won't hurt you if you be honest."
Como ela não entendia o que ele dizia, logo o americano se irritou e disse: "Dammt, man! God won't be payfull!" e com essas palavras, completou a escuridão inicial da garota e, em seguida, criou sua própria escuridão, com sua arma com duas balas restantes.


Por: Rubria.