Olhando para você.

Eu atravesso a Rico's Avenue como se não existissem carros ao meu redor. Corro entre eles desesperado. O zunindo do vento em meus ouvidos me ajuda a pensar.


Ninguém repara no sangue em meu corpo inteiro. Pura sorte. 


Paro somente depois de me certificar estar completamente longe de qualquer ser humano. Não me contenho. Preciso de um espelho. 


Sutil como um gato, subo as escadas de incêndio de um prédio qualquer. Me parece estar abandonado.


Chego á um apartamento com grandes janelas. Dei sorte, ela está aberta.


Entro calmamente. Não acendo nenhuma luz, nem realizo nenhum movimento brusco. 


Ouvidos atentos, busco qualquer forma de vida. Um leve suspiro vindo de um quarto. Caminho em direção á ele. A luz fraca de um poste do outro lado da rua me ajuda a ter uma certa noção de espaço. 


Preciso de um espelho.


Abro delicadamente uma porta, é apenas o quarto de hóspedes. Empoeirado com uma cama de casal, ao que pude perceber com o tato. Fecho a porta desapontado.


Abro outra porta, com certa ansiedade. Finalmente! O banheiro!


Fecho a porta, cubro a fresta com a toalha e acendo a luz. Vejo meu rosto.


Branco como uma folha de papel, áspero como puro couro. Meus olhos permanecem abertos. E meu sorriso... Ah, que sorriso mais glorioso tenho. Sinto vontade de gargalhar e saltitar. Mas o suspiro vindo do quarto retorna á me atormentar.


Minha faca, tinindo, pareceu vibrar em meu bolso. Uma última olhada no espelho. Como sou perfeito...


Caminho até o quarto e vejo a moça deitada. Cabelos bagunçados por todo o travesseiro. Seios fartos, quase saltando da regata. Parece ser morena. Pouco importa.


Fico por vários minutos assistindo seu sono, até que ela finalmente acorda.


Coloco a mão em sua boca e digo "Shhhh... Volte á dormir..."




Por: Rubria Gruby.






Post Scriptum: Esse conto foi inspirado nesse post do MEDOB: http://medob.blogspot.com.br/2012/06/jeff-o-assassino.html sugiro a leitura desse antes de ler o conto...