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By Ferramentas Blog

terça-feira, 20 de novembro de 2012

O Abalo

Ando pela floresta deixando o lado morto controlar meu corpo. Tento ignorar meu estômago revirando e implorando para se entupir e sigo um caminho conhecido.

A escuridão é uma ótima aliada e a lua o álibi perfeito para minhas travessuras. Muda, ela me guia até o vilarejo. Escalo a árvore mais alta, no galho mais longo, que aponta para a fogueira no centro da roda de cabanas. Os anciãos contam as histórias que, normalmente, adoro ouvir: as minhas. Essa noite, porém, não sei se surtirão o mesmo efeito de ontem.

Sento-me, ouço, observo, espero. E penso.

Qual a utilidade de uma vampira que nem consegue entrar em um simples clã, como o dos Lucifall? Já me parecia claro que Razen está completamente interessado em mim. O fogo dos olhos dele queimavam cada parte de meu corpo por ele contemplada. Com aquele sorrisinho maroto que só ele tem, me deixou ver sua mente. Canalha safado.

O desafiante que me ofereceram parecia fácil demais. Deveria ter desconfiado. Imaginei que, com um pouco de minha força sensacional o destruiria de forma maravilhosa. Bolei táticas rápidas, com movimentos ofesivos e bruscos, sem pensar muito na defensiva, uma vez que nunca tiveram tempo para me atacar. 

Cérebro venceu músculos pela primeira vez em toda a minha existência. Depois dessa humilhação, Razen apenas ria de mim e com o magrelo do Edward. Tive a certeza de que nunca entrarei para um clã e isso me deixou louca. 

Sacudi a cabeça e voltei a me concentrar nas minhas prováveis presas.

Uma moça de cabelos longos e pele escura deixa a roda, enojada com minha carnificina deliciosa. Pulo de árvore em árvore atrás dela, até chegarmos na beira do rio. Ela se agacha, murmurando um cântico que afasta o medo. Hora de agir.

Dou um salto mortal e atinjo o chão. Como de costume, minhas botas de couro de veado não fizeram um ruído sequer. Mas ela sente minha presença. Quando se vira, estou novamente usando os dotes de minha aliada á meu favor.

Ela dá de ombros e volta a sua cantoria, virando-se e afastando os cabelos do rosto e sem querer revelando o pescoço estonteante. Minha garganta, antes um deserto, se contrai só de imaginar o sabor daquele sangue adocicado que só há naquele vilarejo. 

Corro atrás da moça, que já está em pé, e dou o bote. Cubro sua boca com a mão e seu pescoço com meus dentes. O rubro líquido invadiu minha garganta de imediato até me dar por satisfeita. Atiro o corpo exatamente no meio do rio, como de costume. 

Apesar da sede saciada, a decepção não some da minha mente em momento algum. O desastre, o horror. A perfeição inabalável simplesmente destruída.

Suspiro, porque é o que os humanos fazem quando se frustram, e tomo rumo á qualquer lugar.

Por: Rubria Gruby.

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