Arfando na cama, não conseguiam se distanciar. Passaram o dia todo juntos, não somente com fins corpóreos, mas conversando e rindo á esmo.
"Ainda não consigo acreditar que realmente negaste um príncipe! És insana! Poderias ter o mundo e, porque não, o céu á teus pés..."
"Príncipes são monótonos, meu caro. Só hão de falar sobre política e domínios... Não contém tamanha emoção de um soldado incansável e inalcançável..."
Os cachos negros do mulato tocavam suavemente seu ombro. Estavam abraçados na cama, sentados. A lua surgia tímida, iluminando suavemente o local. Nenhum deles pareceu se importar com o tempo perdido, porém uma batida na porta os trouxe de volta á cruel realidade.
"Bria? Cara Bria! Passou o tempo como o vento! Devemos te devolver sã em vosso condado!"
Era Pedro, inquieto, nervoso e enciumado. De todos, era o mais dedicado á tentar cativar a condessa. Mas, como os outros, ela pouco se importava e ainda menos se impressionava com suas investidas.
"Trouxe os guardas contigo? Devias ter me avisado, teria me apressado com o serviço..."
O mulato mudou o tom, tornou-se frio. Sentiu que estava roubando todo o precioso tempo da moça e lembrou-se de quem ele era.
"Não, meu caro! Não te importes com Pedro. É apenas um lorde de companhia, um cão farejando e protegendo o osso que tanto estima e almeja..."
O mulato pareceu amolecer ao se sentir novamente gente. Não queria que ela fosse embora jamais. Sua presença era quase divina para aquele pobre homem. O maior medo dele, agora, é vê-la partir para não retornar.
"Desculpai-me, bom homem. Estamos há tanto tempo tagarelando que esqueci-me de saciar apenas um último desejo..."
"Pois diga. Qualquer coisa faria eu por tu."
"Minha maior vontade agora é saber teu nome! Afinal, de que o chamarei quando toparmos pelas ruas?"
"Meu nome, condessa? Me chamo Daniel. Daniel Guimarães."
"Daniel... És tão belo quanto tua pessoa. Mas aqui, deixe-me pagá-lo... Me ajude com as contas, sim?"
"Depois do dia maravilhoso que uma vez na minha miserável vida tu me proporcionaste, quem te deve sou eu. Vá e leve a certeza de que amanhã mesmo bem cedo me encontrarei contigo. Isto é, se assim concederes..."
"Não há necessidade de permissão! És bem-vindo o homem que me trouxe á sociedade quando quiseres. Serás um deleite, acredite."
Dito isso, ela insistiu e pagou ao homem a quantia que devia. Seu coração se encheu com tamanha alegria que não acreditava que outras já entraram naquele quarto, já estiveram com aquele homem espetacular e curioso. Daniel... Descobriu-se apaixonada.
-Continua-
Por: Rubria Gruby.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Por favor, seja coerente em seu comentário. Lembrando sempre que críticas serão tão bem aceitas quanto elogios.
Obrigado pela visita!
Os Autores.